top of page

SUBLIME RADIOGRAFIA por Luciéli

  • Lucieli
  • 13 de jun. de 2018
  • 27 min de leitura

Desvendar a alma humana é bater de frente com realidades positivas ou negativas de acordo com a forma como sua química sentimental reage e aceita, idealizando positivamente a realidade tentando realizar e alcançar aquele ideal sentido. O ideal seria como uma radiografia sensorial da alma somada ao estilo próprio e personalidade que possibilita assim sentir e perceber o Mundo real de forma sublime e verdadeira mesmo que para isso sejam necessários detalhes externos para aceitar tal realidade, detalhes esses que devem ser trabalhados, sensibilizados dentro do Ser Humano, dentro de nós mesmos. Deve ser por essa minha obsessão pelo Ser Humano que eu me transformei numa espécie de agente secreto da Humanidade sabe Pessoa? Você pode estar pensando que eu me apresento de forma muito pretensiosa me auto intitulando agente secreto da Humanidade, até porque para chegar a esse nível é necessária uma certa carga de evolução impossível de se materializar se você não é um Deus ou semi Deus, mas eu te digo com propriedade Pessoa, eu vivi muita coisa nestes três anos em que trabalho girando ao redor do Mundo, vivendo em vários lugares, conhecendo diferentes pessoas e culturas e mesmo percebendo as diferenças entre estas e aquelas, não tem como não entender que o Ser Humano, “Ser” é fundamentalmente igual em todas culturas e países o que variam são as realidades circunstanciais, o “Estar”. Conceitos fundamentais de Humanidade como o amor e demais sentimentos básicos e necessários para o bem estar comum e o modo como conceituamos as palavras são inerentes ao nosso DNA Universal, são verdades universais absolutas, não se alteram de país para país, elas nascem conosco tendo como o único diferencial a língua e compreender isso fez eu me apaixonar ainda mais pelo Ser Humano, aguçou minha curiosidade e necessidade de entender e tentar compreender este e mais precisamente, o seu DNA Individual, ou seja, sua realidade, pois é ai que a coisa ferve, esse é o cerne da existência. De tudo o que eu vi e encontrei, o modo como determinadas pessoas manejam esse DNA Universal juntamente com o DNA Individual, trabalhando este ultimo de maneira positiva, as tornam especiais, únicas e inspiradoras. Acho que é por isso que chamamos “Ser” Humano e não “Estar” Humano, pois Ser Humano é e deve ser condizente com o DNA Universal para uma melhor e evolutiva convivência entre os Homens, enquanto que Estar Humano condiz com a nossa individualidade e realidade, com nosso código individual que naturalmente carregamos e transformamos ao longo da nossa existência numa mistura de vícios e virtudes, Estando Humanos quando nos apetece, erroneamente e egocentricamente exaltando nossos vícios, transformando ou não quando nos apetece a nossa realidade. Impossível e inaceitável Estar Humano quando é uma condição essencial na vida a Humanidade. Somente nesse caso não aceito o “Estar” como um condição permanente e necessária de formação de caráter individual. Jamais devemos “Estar” Humanos. Somente nesse caso aceito o “Ser” como elemento limitador em favor do bem comum. O “Ser” limita e já está pronto enquanto que o “Estar” liberta e necessita de aperfeiçoamento, transformação necessária, é o processo. Pessoas humanas, Seres Humanos me fascinam e eu consigo senti-los quando realmente “São”. Somos a nossa verdadeira realidade depois de ter passado pelo processo de “Estar”, a realidade que nos faz sentir, é ela que nos mostra quem realmente somos, a vida que nos vivemos. É como se esse processo de “Estar” servisse apenas como bloqueio, um filtro, uma lente, uma passagem da nossa situação factual e da situação factual para com o outro e o Mundo. Por exemplo, eu me defendo de mim mesmo através do processo de “Estar” e passo a transformar-me e sentir mais, me tornando mais Ser Humano e compreensível para comigo e a realidade alheia. O “Estar”, não serve como barreira para transformar o Mundo melhor, pois a beleza já esta ali ele é apenas o meio positivo através do qual eu me obrigo a ver o lado bom e o belo como eles realmente são, esse processo filtra as minhas animosidades, purificando qualquer partícula negativa que possa vir expressa de dentro do meu “Ser”. O “Estar” , a realidade factual que deve ser transformada nos impulsiona a descobrir muito além daquilo que apenas vemos e ajuda-nos a sentir-nos como e quem realmente somos. Deixa eu te contar um pouco mais sobre algumas pessoas que eu encontrei e nas quais me inspirei para evoluir mais, pessoas que foram necessárias nessa minha passagem de “Estar” para aperfeiçoar meu “Ser”. Dentre todos os tipos de pessoas e artistas com talento natural para serem artistas, destacam-se entre as pessoas que conheci também, pessoas não artistas, mas que são artistas da vida, da própria vivencia, por serem brilhantes por natureza. Todas elas “São”, pois nelas o DNA Universal já está em sintonia com o Individual. Uma delas é naturalmente uma pessoa linda, maravilhosa, não era artista conhecida por ter atuado em vários trabalhos até pouco tempo depois que eu a encontrei pela primeira vez, ela havia estudado atuação em teatro e cinema, mas estava trabalhando como gente comum num restaurante como relações publicas e administradora, sem ter desistido dos objetivos, ela é daquelas que não perde oportunidades também. Ela já estava no auge dos seus 40 anos e mais parecia uma garota excitada toda a vez em que eu a encontrava, ela é daquele tipo de mulher que casa e descasa sem medo sabe? Eu adoro e admiro esse tipo de mulher. Foi casada duas vezes, viveu em vários lugares, diversos países, mas sempre paciente da sua condição circunstancial, ela acredita que a vida é tremenda, maravilhosa e lindamente cheia de passagens que sempre nos levam a passagens necessárias a cada passo. Ela era de uma alma pura, humilde e brilhante ao mesmo tempo, ela não precisava ser vista e nem notada, é daquele tipo de pessoa que não precisa se mostrar ou afirmar-se para o coro, o olhar que ela possuía e a visão de vida que ela desenvolvia e refletia, fazia com que as pessoas ao redor dela sentiam-se preparadas para viver as situações sem medo das circunstancias e a admiravam por isso, não por ela ser ou não artista. Por essa razão eu sou avessa a famas escancaradas, não gosto mesmo de pessoas egocentricamente famosas. Eu gostava de estar perto dela, por mais que eu amasse as pessoas em geral, esse é o tipo de pessoa que eu realmente gosto de freqüentar sabe Pessoa? Pessoas simples de alma que não se importam com o que você é ou tem ou com o que elas próprias são ou tem, simplesmente te dão um sorriso de boas vindas nas suas vidas acompanhado de um brilho nos olhos. Outra pessoa super especial que apareceu no meu caminho e que eu não pude deixar de le-la, foi um designer de moda super especial, pois como digo, não é qualquer pessoa que brilha e tem luz intensa capaz de transformar a vida dos outros e eu sempre digo que para ser especial e obter sucesso e reconhecimento naquilo que você faz, são necessários 4 ingredientes, talento natural, determinação, desapego do ego e originalidade, fora isso não se chega tão longe e se chega, não dura muito não. Não importa nem mesmo ter tido as melhores experiências profissionais ou trabalhado com pessoas importantes, o que conta realmente é a sua alma limpa. Neste caso, a pessoa linda que eu conheci é um ser que acredita que somos criaturas pelo simples fato de já sermos fruto de criatividade de alguém e por isso devemos dividir nosso conhecimento, nossa criatividade derivada, pois nada é nosso, tudo é fruto do Criador, da inspiração deste para suas criaturas, por isso ele não acredita na exaltação e inflação do ego feita por muitos veículos na busca por um novo Deus da moda ou algo assim. Essa pessoa me inspira porque ela acredita que fazendo o que se faz sem querer ou sem a intenção de tornar-se alguém especial, você acaba tornando-se especial pelo o que você é e eu acredito nisso também, que quando se deve fazer algo, não se deve pensar em alcançar notoriedade, pois isso aniquila sua energia, sua verdadeira inspiração natural e natureza humana. O instinto natural de não querer “Ser” e aparecer – no seu sentido feio- abre um leque de possibilidades inimagináveis, pois querer “Ser” fora do contexto do DNA Universal é algo muito pretensioso, é afirmar que você já esta evoluído ao ponto de firmar-se em algo que você as vezes não merece e pensa que merece. Pessoas que se inspiram em pessoas, em “Ser” dentro daquilo que chamo DNA Universal, são o maior exemplo de vida ao meu ver, pessoas com historia de vida relevante, de batalha, de simplicidade, esse artista que eu conheci busca inspiração no simples contato com pessoas, acho que é isso o que o torna consciente da sua condição temporária de “Estar” até chegar aquilo que ele deve realmente “Ser” e agindo assim, ele se torna um “Ser”de verdade. Bom, depois do fim de um affair, como sempre me foi fácil, arrumei outro namorado. Esqueci de te contar a respeito disso antes Pessoa. Fácil eu digo porque eu não me limitava em relações superficiais, precisava sentir a pessoa em sua totalidade, coisa que em relações passa tempo não me cabiam, não sou mulher para relações passa tempo, gosto de namorar seriamente mesmo. Meu novo namorado é ótimo, sabe aquele tipo apoiador, que torce para você crescer independentemente de ter certeza se vocês vão estar juntos mais pra frente ou não? Sempre lidamos com a liberdade saudável em nosso relacionamento como ponto chave, afinal de contas, quando se tolhe se acaba, se mata e eu não quero ser responsável pela morte interna de ninguém, por isso, feel free baby! E eu também estou num nível de desapego tão alto que não me permitia se tolhida por nada e nem ninguém, era um tempo avante. Ele mora em Paris e eu divido minha vida entre Paris e Marselha, onde eu dou aulas de Frances para filhos de estivadores estrangeiros. Você deve estar se perguntando a respeito do meu trabalho na Inteligência o qual eu me referi antes não é mesmo? Pois então Pessoa, ele não sabe da minha verdadeira profissão de agente secreto, então essa foi a melhor maneira que achei para ter duas vidas, vivendo longe dele por alguns dias. As vezes estou em Marselha, as vezes daqui, parto para outra parte do Mundo. Como já te falei anteriormente, já vivi em outras cidades e em outros países, tanto como experiência de vida ou por missões e ainda não sei até quando vou estar por aqui. E lá vou eu novamente para Paris, depois de uma semana intensa de lições, chamo o taxi e corro pro aeroporto. Eu amo aeroportos sabe Pessoa? Acho interessante como pode um lugar acolher por minutos ou horas, vários tipos de pessoas de diversas partes do país e do Mundo, eles vão e vem e esse ir e vir mexe comigo, fico curiosa pra saber que tanto fazem também, eu os observo com afinco. Depois do meu Check-in, como de costume, pego meu café e sento numa daquelas poltronas coletivas do saguão, observando as pessoas, seus rostos, gestos, tento ler a historia de suas vidas através de suas roupas, expressões, cabelos, sim cabelos, o cabelo de alguém muito quer dizer sobre a pessoa, ressalvando é claro o juízo viciado que muitas vezes costumamos impor sobre a natureza de uma pessoa apenas pela sua aparência, pela sua estética, pois esta é enganadora, por isso tento ler absorvendo o que meus olhos captam sem chegar a conclusões, pois dessa forma não esgoto minha atividade de tentar decifrar os entes que vão e vem, continuo sempre instigada, excitada. Alguns lêem revistas, outros manuseiam o computador portátil, outros lêem livros. Não sei como eles conseguem se concentrar na leitura de livros no saguão de um aeroporto ou qualquer parte externa que não seja a própria casa ou um lugar sem movimentação. Sinceramente eu não consigo ler livros ao externo, principalmente se estou diante de uma paisagem linda, é muito lirismo ao meu ver. Sabe aquelas cenas de pessoas com um livro ao ar livre e o mar ou montanha como cenário? Se eu fizesse isso com certeza eu me sentiria em um, mas ou eu leio o livro ou eu aprecio a paisagem. Eu gosto mesmo é de ler na cama, onde quer que eu esteja, tem que ser na cama e principalmente quando eu estou sozinha. Tem duas coisas que eu não abro mão na minha vida quando estou sozinha, ler e tomar café da manha na cama, aproveito meu tempo eu comigo mesmo assim quando estou em Marselha ou outro lugar. O quarto para mim é um templo, nem arrumo a cama por dias, pois sei que não vou viver fora dali por um tempo. No ápice da minha transcendência observatória, senta uma mulher ao meu lado na poltrona que estava vaga, acabando com todo e qualquer lapso de concentração com o qual eu estava observando os transeuntes, pelo simples fato do seu perfume corroer meu nariz, era um perfume forte de rosas, odeio perfume de rosas, um perfume de rosas corrói mais meu nariz que o cheiro de um pote com ácido. Ela não era uma mulher. Era uma garota de uns vinte e poucos anos mais ou menos, magra, alta e bem produzida, suas roupas e seu cabelo falavam tanto o tipo de pessoa que ela poderia ser que eu freei meus pensamentos quase que conclusivos num instante, eu estava num processo interno de transformação espiritual, não queria abrir espaço na minha mente para violações do caráter do Ser Humano pela simples, como lhes falei anteriormente, conclusão viciada, eu estava tentando evoluir a este ponto. De canto de olho intimidada pelo seu perfume de rosas eu a observava. Acho que ela percebeu que eu a estava observando, virou-se em minha direção e falou: Oi! Oi, respondo envergonhada. Tudo bem? Ela continuou. Sim, tudo bem e você? Eu com a voz intimidada pelo flagra e pela atitude dela se posicionando contra a minha invasão visual. Estou bem, cansada ainda da noite de ontem, essa gente parece máquina, bebem, dançam e dançam a noite toda. O que você faz? Pergunto eu, como sempre curiosa de novas pessoas e novas realidades. Não sei se deveria perguntar algo além de como ela estava também, acho ainda muita falta de intimidade você querer saber o que alguém faz em menos de 15 minutos que senta ao seu lado tenho que ter sempre cuidado a respeito do porque e quando fazer determinadas perguntas para os outros, especialmente quando realmente me toca. Eu não me interesso pelo o que alguém faz, me interesso por aquilo que a pessoa me faz sentir, dali partem positivas possibilidades e afinidades, acho que certamente os objetivos principais e sinceros em relacionamentos. Eu sou garçonete e hostess de alguns eventos e restaurantes. Me responde ela. Realmente você tem que agüentar noites e tipos diferentes de pessoas até todos irem embora, é um trabalho pesado mesmo. Digo eu a ela. Bom, sigo olhando pra frente tomando meu café que aquela altura do campeonato já estava frio. Seguimos mudas por um tempo. De repente ela se vira em minha direção novamente e se oferece para pagar um café para nos duas na cafeteria próxima ao centro do saguão e pergunta se eu gostaria de acompanhá-la e comer algo lá, até porque meu vôo para Paris estava atrasado, eu teria que esperar mais duas horas mais ou menos até embarcar. Eu aceitei, estava curiosa por essa pessoa que expressou sua vida em poucos minutos em que estava ao meu lado, de repente ela precisava disso e eu sempre me sensibilizo quando alguém se expõe assim. Vivenciei Pessoa neste ínterim a carência alheia, o Ser Humano carente de toque, de palavras, de olhar, de amor e sensações, carente da abertura sensorial do outro. A exemplo desse momento no aeroporto, me recordo outro dia conversando com uma amiga, ouvindo a historia que ela me contava, percebi realmente como as pessoas estão carentes de ouvidos sabe? Sim, de ouvidos sim, ninguém quer escutar o outro mais, ninguém quer dar a atenção devida ao outro, às histórias e verdadeiras necessidades do outro, resenhas e lamentações, as pessoas só querem saber do básico, do superficial, do que você esta fazendo apenas para especular, eles não querem compreender ou ajudar de alguma forma, só querem saber do que faz bem aos ouvidos, tanto para fofocar ou pelo simples fato de saber por saber, sem nenhuma intervenção afetiva na situação e que principalmente não ouse incomodar a sua concepção de Mundo perfeito. Vou te contar uma pequena historia Pessoa. Dá-se o caso: Ela, via internet, na busca de encontrar e confirmar provas da traição, pescou de uma maneira estratégica a outra, esta, acreditando no papo, na história, caiu, entregou o jogo facilmente, minha amiga fingiu ser uma determinada pessoa com altos contatos e utilizando o frenesi da outra, foi tirando tudo, aos poucos, se apresentou como PR, profissão fácil pra justificar a aquisição de emails e assim, a outra chegou ao ponto, adentrando fundo na conversa falando sobre seus relacionamentos, seus casos e afins, enfim, entregou sua vida em uma hora para uma pessoa que ela nem sabia e nem fazia idéia de quem realmente era. Isto é estarrecedor, prova como estamos carentes de quem nos escute de verdade e pior, estamos tão eufóricos com a tal e total popularidade que o mundo cibernético proporciona que quanto mais contatos temos, nos sentimos melhor e melhores que o outro, mais realizados, mais populares, mais amados por pessoas que nunca vimos e nunca trocamos idéias e isso se dá de uma maneira rápida, é aquela coisa, conhecer pessoas é ótimo e em qualquer lugar também, é bom conversar com pessoas, mas abrir a vida pra todos, de primeira, isso é perigoso pois é uma intimidade sem proximidade ou proximidade sem intimidade. Assistindo outro dia a um filme em que o garoto falava para a garota que o relacionamento dela estava baseado na proximidade sem intimidade quando perguntou a respeito do seu namorado e ela respondeu que ele estava viajando, tinha ido a Europa pra se encontrar. No mesmo instante que escutei remeti meus pensamentos a nossa clara realidade. Muitos dos nossos relacionamentos estão neste mesmo caminho, não sei se é reflexo da explosão da internet e suas redes sociais e a conseqüente praticidade ao poupar tempo, já que hoje não se tem e não se busca tempo para o outro ou é a real inversão de valores sociais mesmo, neste caso evolução equivocada de valores. Estamos tão subjugados a distorcida e equivocada função social da internet que nos tornamos apenas próximos das pessoas de quem éramos íntimos tempos atrás, exemplo disso é o não mais contato com nossos amigos diretamente, ninguém mais se visita ou se liga muito, troca uma idéia olho no olho, conversa diretamente ou divide segredos e intimidades, é uma dificuldade reunir-se como antes, ficou mais cômodo ficar em casa sozinho e falar via internet, nos tornamos tão egoístas que a minha comodidade faz eu não procurar mais o outro, não contatar intimamente o outro, não se sente mais o outro e aquilo que era fortemente íntimo, tornou-se apenas próximo, ninguém se conhece ou reconhece mais como antes. Ao contrário desta, vivemos a intimidade sem proximidade, sem toque, sem sensibilidade humana, ao nos tornarmos íntimos de pessoas com as quais trocamos idéias via internet, conhecemos virtualmente por alguma razão muitas vezes positiva, tornam-se nossos amigos, nossos reais amigos, nos admiram e nos os admiramos como se os conhecessem há anos e anos, uma grande afinidade espiritual e que na realidade concreta somos apenas próximos através de uma tela mas íntimos sensorialmente, pois a proximidade sem intimidade causou uma certa carência social, uma falta de amor ao próximo, ao nosso próximo, aquele que era nosso intimo, que necessitamos urgentemente preencher aquele vazio com novos amores, novos amigos, novos feelings, não que sejam ruim essas novidades e que não sejam sentidas verdadeiramente, mas é que infelizmente muitas vezes nos afeiçoam pela carência social real. Não é que não deve-se interagir, conhecer e buscar, a internet esta ai para isso, trocar, somar, mas devemos perceber que hoje esses fenômenos cibernéticos são vias de duas mãos, apesar de cumprirem sua função social de informar, trocar idéias, evolução e aprendizado, afetam o ser humano de muitas formas e a mais grave e cruel delas negativamente falando é o isolamento íntimo do Ser Humano, muitas vezes necessário é claro e quando voluntário mas não da forma cruel e triste como é sentido hoje em dia. O amor íntimo de todos os sentidos, verdadeiro, esta perdendo espaço para o tempo, para o dinheiro, para superficialidades, ninguém mais sente o outro. Espero um dia que possamos evoluir ao ponto de retomar nossas proximidades com intimidade e que possamos sentir nossas intimidades mais próximas, mais realmente próximas como antes. Bom, voltando ao meu café com a moça do perfume de rosas... Você é muito simpática, me diz ela. Qual o seu nome? Desculpa, tenho a mania de falar e falar e só depois de algum tempo perguntar o nome das pessoas, na verdade acho que não me interessa e automaticamente eu pulo essa parte, nomes são apenas desígnios, sinalizações. Pior ainda quando as pessoas se apresentam a mim, dizemos nossos nomes e um minuto depois eu já não lembro, acho que falamos os nomes por formalidade, é um ingrediente designador insignificante no inicio de um relacionamento. Você fala hein!!!? Digo eu para ela num tom irônico. Não me dá nem tempo de eu pensar em responder... É que estou ansiosa, me diz ela. Dentro de aeroportos não se pode fumar e eu tenho que passar horas aqui as vezes, fico tensa que sempre que encontro alguém, falo, falo, falo... Desculpa. Eu e meus vícios diz ela complementando e se lamentando... Além do vicio de fumar, falar muito como você pode ver também é um vício meu, acho que tudo que é em excesso vira vício pela prática descontrolada e todo o Ser Humano necessita de um pelo qual possa e deva lutar contra si mesmo, como desculpa para se afrontar e se auto disciplinar, algo muito nocivo que o maltrate e que sirva de estímulo pra se modificar, um pouco de masoquismo na real pra se frear de alguma maneira, aliás frear aquilo que não é bom dentro de si apenas, assim como os defeitos, todos temos e é por isso que estamos aqui na mesma, defeitos são necessários, o que não vale é que muitos de nos usamos isso ao nosso favor achando que é algo bom, ressaltando esses. Não cabe ser orgulhoso dos próprios defeitos, pois eles existem para serem consertados, trabalhados, transformados em virtudes e não para serem exaltados. É como em tudo, o lado bom e ruim, o lado ruim nunca deve ser exaltado egocentricamente, deve é ser trabalhado internamente sem exibicionismo e o lado bom sempre reforçado. Vícios e defeitos são bons somente em caso de luta contra nos mesmos, aprendemos a nos desafiar, nos fortalecem e fazem nos auto conhecer. Você tem vícios? Desculpa você ainda não falou seu nome. Justine, meu nome é Justine. Então Justine, você tem vícios? Tenho sim. Respondo eu, continuando... Todo mundo tem. Mas dois deles que são os mais evidentes, não sei bem se são vícios ou também podem servir de alguma forma, os meus grandes vícios são a curiosidade e sonhar demais. Sempre fui muito curiosa, lembro uma vez quando era criança, estávamos eu e duas amiguinhas jogando com bolas de papel como se fosse jogo de tênis sabe? Em um momento a bola caiu em minha direção, elas correram e começaram a rir e eu então abri a bola de papel onde estava escrito, “curiosidade mata, cuidado” elas escreveram aquilo para mim e anteriormente ao jogo é claro e eu me senti muito mal, triste. Eu comecei a tentar me entender e me enxergar a partir daquele momento. As pessoas já estavam visualizando meus defeitos e vícios desde criança. Agora entendo porque elas sempre me enxergam, sempre tentam buscar meus defeitos e vícios primeiramente, ninguém quer saber se eu estou bem, eles querem é saber o que eu estou fazendo que pode não ser certo na visão deles, esquecendo de visualizarem primeiramente seus próprios monstros. Nunca esqueci este episódio da minha vida, acho que por isso ainda sou muito curiosa até hoje, não consegui consertar esse vício ainda, aquela situação me provocou de uma maneira a buscar mais dentro de mim mesmo e essa curiosidade já me levou a viver varias circunstâncias boas e ruins e até a chegar tão longe, não sei se a quero trabalhar dentro de mim, desafiá-la, matá-la ou de repente ando trabalhando-a de forma positiva, focando na curiosidade sobre o indivíduo, desvendando este e tentando entender as pessoas e com certeza, ainda eu mesmo. De repente minha curiosidade tenha alguma vantagem positiva para mim ou para o Mundo. Então a Justine é curiosa da alma humana, interessante... Me diz ela com um ar irônico. Você ia ficar maluca se tivesse a intenção de me desvendar, minha historia até aqui é simplesmente digna de curiosidade, as vezes nem eu mesmo acredito. Você que pensa que eu não fiquei curiosa sobre você, você acha que eu aceitei vir tomar café com você porque? Simples simpatia não me move não, preciso de muito mais para me instigar, pequenas sensações, sentir que você é uma pessoa interessante e a sua energia bateu com algo dentro de mim que resolvi te acompanhar. Gostei de você. Ah, então você realmente está curiosa sobre a minha pessoa? Ok, quer saber minha historia? Acho que temos tempo não é? Nosso vôo ainda vai demorar muito. Quero sim e temos bastante tempo, respondo ansiosamente. Meu nome é Jane e eu tinha 18 anos na época, nasci e cresci no lugar errado em meio a uma cultura não condizente com meu caráter liberal, sentia a cada minuto uma necessidade de sair de lá. Um dia falei para meus pais que gostaria de ir morar em Paris, estudar moda e viver numa cidade cosmopolita, sabe aquelas cidades onde tudo acontece? Eu vivia acompanhando tudo pelas revistas, tinha em minha mente uma estrada promissora a percorrer. Nossa, digo eu para ela. Essa historia de ter nascido no lugar errado parece que eu já conheço. Sei bem como é Jane, além do mais, você é sonhadora como eu. Então, minha família muito conservadora jamais concordou com isso Justine, tampouco me incentivou a sair da cidade e viver o sonho da cidade grande, dos grandes centros de moda, eles queriam que eu fosse como eles. Seria um grande desafio para mim enfrentá-los ao mesmo tempo que enfrentar a minha insegurança, além de eu ter que me desvencilhar de um tanto de cultura enraizada no meu âmago e que ao mesmo tempo que me fazia ir tão longe nas minhas ambições e sonhos, me freava nos meus valores e princípios os quais tantas vezes tive vontade de jogar no lixo. Eu nunca tive medo, sentia apenas uma pequena insegurança quanto ao meu futuro, não sabia nem mesmo se tinha braço para outros tipos de vida e se daria certo, mas muitas vezes sentia que poderia mudar tudo com um simples sorriso e muitas portas se abririam ao meu redor. Percebi isso varias vezes no meu meio, as facilidades com que muitas coisas vinham a mim me desnorteavam, fazendo com que eu percebesse o quão forte eu poderia ser e até onde eu poderia ir, sentia que havia uma magia dentro de mim e que eu poderia trabalhá-la a meu favor. Seguindo fortemente a minha capacidade de abraçar oportunidades e de sentir a necessidade de fazer as coisas acontecerem me entreguei pra vida na maior oportunidade de mudança que ela colocou a minha frente, não era uma oportunidade planejada normalmente, mas foi do jeito que veio. Conectada com algumas pessoas em razão da minha paixão por moda, recebi o convite de uma amigo do meio com quem eu teclava já ha alguns anos, ele sempre me incentivou a mudar de vida e sair em busca dos meus sonhos e ambições, mas como sempre eu estava atrelada aquela vida normal, porem insatisfeita, era difícil pensar em chutar tudo para o alto e mudar de vida, de país, viver experiências, mesmo que no fundo fosse isso mesmo o que eu queria e necessitava, porém me faltavam recursos. Lembrei que tinha algumas economias frutos de recompensas que meus pais haviam me dado a cada momento em que eu os orgulhava como a filha perfeita que no fundo bloqueava e escondia seus verdadeiros prazeres e sonhos com medo de não atingir a expectativa deles. Eu era muito hipócrita neste ponto. Então, aceitei a idéia como algo novo a experimentar, fiz minha passagem para Paris, meus pais não podiam falar nada, fiz tudo as escondidas com meu dinheiro e segui meu impulso natural de fome de vida com astucia e determinação, torcendo para que em meu caminho não me viessem com críticas, sempre as bloqueei sabe? Dicas, conselhos, nunca os quis, nunca os segui ou os escutei, nunca gostei e também nunca dei conselhos, pois isso é coisa de gente prepotente e que nem mesmo sabe quem é sua própria pessoa ao mesmo tempo que nunca tem razão, pois razão é algo que não se discute e nem sempre se tem é algo tão subjetivo que a contradição mata, eu penso como eu me sinto e ajo como me vejo seguindo minhas visões e sensações, desconfie sempre de conselheiros, eu fiz o que nem eu mesma esperava de mim, mas foi o que me fez e me faz ser a mulher que fala com você agora Justine. Sempre digo que viver intensamente, é aproveitar todas as oportunidades de acordo com as possibilidades e principalmente com as impossibilidades que nos são postas à prova e um exemplo disso foi essa mudança que aconteceu, entediada e inconformada com os momentos de marasmo em minha vida e de constantes atritos internos e externos, resolvi tentar, arriscar seriamente uma única vez em minha vida, fazer acontecer, sacudí-la. Não quis saber por quanto tempo e nem onde iria parar, isto é, se eu parasse. Nossa Jane, vejo um pouco da sua historia parecida com a minha, intensidade pra viver sem freios em busca da realização pessoal, acho que somos bem parecidas... Ah, pois é Justine, minha mãe sempre me disse e desde sempre: "Entre querer e poder, tem uma distância" e eu sempre bati o pé e insisti no contrário, que não existe distância quando queremos algo, que quando se quer, se consegue, se conquista e eu sempre fui uma pessoa que abraçou as oportunidades, não importando que, como e o por que, sempre quis experimentar, meter a cara, sempre quis arriscar, ver como é, qual é, pois foi com esse ímpeto que saí do meio daquela cultura que me sufocava como pessoa e como mulher, não me conformava em apenas observar a tal distância que ela falava, quis mesmo é me atirar, buscar e alcançar o extremo além de uma nova realidade que somente eu enxergava naquele momento. Assim decidi ver qual é que é, sem medo, pois pra mim, o medo inibe a liberdade, a liberdade de ser, de sentir, de ir e por acreditar nisso, sinto que sempre é preciso ir até lá pra ver e sentir de verdade todas as emoções ainda não exploradas, desconhecidas, pois os únicos medos que tenho até hoje é do escuro e de aranha, não tenho medo nem mesmo da morte. Então, me retirando daquele senso de mesmo parti e não voltei mais. Sai do meu pequeno país com um frio na barriga, nunca tive medo do novo, mas também aquele era o mais novo e mais longe caminho que eu estava começando a percorrer. Chegando em Paris, meu amigo Pascal estava me esperando de braços abertos, já tinha me arrumado emprego temporário e eu iria passar uns tempos na sua casa até me habituar e me ajeitar no novo lugar. Comecei já no outro dia ao que cheguei a trabalhar na casa de chá ao lado da loja de Pascal, ele tinha uma loja de automóveis de segunda mão e passava o dia todo lá, eu acabava minhas horas na casa de chá e ia até a sua loja esperá-lo para voltarmos para casa juntos ou girar a cidade para eu conhecer. Os dias foram seguindo um rumo normal, eu eufórica e feliz a cada dia que passava, pois estava aproveitando e começando a pegar o espírito da cidade, Paris era tudo aquilo mesmo, era como cada detalhe que eu havia sonhado. Pascal era um homem bem relacionado, tinha uma boa vida e boas relações, tinha dois filhos pequenos frutos de um ex casamento que não vingou, mas quem tomava conta dos filhos era ele e a irmã, pois a ex esposa saiu pra vida, descobriu que não nasceu para ser mãe. Sabe Justine? Eu não a julgo, acho que existem mulheres que realmente não nasceram para serem mães, eu mesma, não brilhou isso ainda dentro de mim, de repente dentro dela, apos ter tido a experiência, deu-se conta de que nunca havia brilhado. Vejo muitas mulheres que tem essa vocação, muitas mesmo, principalmente em meu país, acho que muito por conta da nossa cultura e historia, mas também existem mulheres que nasceram para serem líderes sem ter que dividir suas vidas com ninguém ou cuidar de ninguém e as vezes são felizes assim, são auto-suficientes e satisfeitas, apesar de eu sinceramente achar que todo o Ser Humano por mais duro que seja e auto-suficiente que pareça ser é carente de afeto, pois o Homem é carente por natureza, afeto nunca é suficiente e o bloqueio deste tanto vindo do outro para conosco ou vice-versa é o cumulo do egoísmo, o não doar-se de qualquer forma é triste e não amar é pior que não ser amado, porém muitos são felizes assim nem que seja por um lapso e isso é o que importa, estar feliz e confortável com sua própria realidade sem ter que mudar ou experimentar nada. Bom, fora o grande problema da língua que me fazia totalmente dependente de Pascal, tudo estava andando bem até eu começar a sentir certas dificuldades no trabalho que tampouco me exigia que eu falasse, pois era apenas necessário eu limpar o chão, tirar o lixo e abrir o estabelecimento todas as manhas e fechá-lo a tardinha, mas essas dificuldades começaram a se sobressair de dentro de mim e então comecei a me perguntar, onde estava o mundo das revistas, a grande vida da cidade cosmopolita??? Porque eu mesmo estando em Paris ainda estava tão longe daquele mundo que eu tanto falava a respeito com ele, aquele mundo o qual eu sonhava e queria fazer parte? Não estava conseguindo visualizá-lo daquela minha realidade momentânea, daquele angulo o qual me encontrava. Eu sempre fora uma garota ingênua e iludida com aquilo que parece perfeito, meu verdadeiro senso de estética e perigo ainda não estava apurado, era muito superficial, principalmente o de estética, ainda não tinha essa visão da estética que tenho hoje sabe Justine? Eu ainda acreditava na realidade superficial do belo sem sentir, do que visualmente parece belo. Comecei a voltar para casa cansada e depressiva e não estava me alimentando bem, o que eu recebia ali era pouco, era uma parte da porcentagem do dia de vendas, até porque não poderia estar registrada oficialmente para conseguir um emprego melhor ou ganhar melhor, pois eu estava no país como uma turista, teve um dia ou dois dias que recebi 10 euros, voltava pra casa chateada, pois pensava em trabalhar, ganhar dinheiro e fazer minha vida em Paris perto ou dentro do mundo da moda, mas como com 10, 20 euros por dia??? Minha realidade começava a se adequar matematicamente com a realidade dos fatos, e eu me questionava se seguia em busca da concretização dos meus sonhos ou se desistiria ali mesmo. Sabe Justine, eu sempre senti que havia nascido para algo muito avante? Não para servir mesas a vida toda ou hostess em restaurantes. Não que eu esteja desmerecendo esse tipo de serviço, mas era algo que eu não estava aceitando mais, não podia me conformar com aquilo, meus sonhos eram muito maiores, porém o ponto de interrogação passou a não se limitar somente quanto a insatisfação com a minha realidade, mas a questões bem maiores como: Será que eu estava querendo demais sem ter merecimento para tanto? Será que por orgulho e vaidade eu realmente achava que merecia algo muito maior passando por cima da humildade? Será que eu realmente precisava de algo muito grande para satisfazer o meu “Eu”? Na real o que são os sonhos se a nossa realidade nos satisfaz de alguma ou todas as formas Justine? É, pensando nisso agora que você tocou nesse assunto Jane, cutucou o meu segundo maior vício como havia te dito antes, o de sonhar. Eu realmente comecei a refletir muito a respeito, da necessidade dos sonhos quando a nossa realidade já está em harmonia com tudo aquilo que nos faz bem, tudo se encaixa que podemos deixar os sonhos propriamente ditos somente para quando dormimos, não é necessário sonhar de olhos abertos, a realidade já é bela e satisfatória se dermos conta dos detalhes, o resto que se deve buscar é aperfeiçoar nossos valores internos para não conflitarem com aquilo que achamos que queremos e necessitamos, desejamos, imaginamos ou sonhamos. Será que é tempo de tirarmos ou aperfeiçoarmos os artefatos externos que nos fazem aceitar a realidade como ela é? As vezes a busca pelo belo, pelo perfeito, pelo modelo de vida ou pessoa erroneamente conceituado como perfeito - na verdade não sabemos o que é perfeito não é mesmo? - sem observar os pequenos detalhes da vida e que nos fazem bem e satisfeitos torna o Ser Humano sonhador, sonhador de algo que ele poderia se realizar com os pequenos detalhes e que o faria sereno, pena que não sabemos disso e nos iludimos com o externo, nos frustramos. Sonhar demais as vezes faz com que se perca a serenidade, gerando um desconforto, insatisfação e stress interior, quebrando a harmonia. Se sonha-se algo, pode ter certeza de que se esta insatisfeito com a própria realidade. O Ser Humano é cético da própria verdade, pois não aceita a sua realidade, prefere sonhar o impossível justificando atitudes insensatas em nome de tal sonho. É muito mais fácil cair no clichê de que a verdade é relativa quando não se aceita a si mesmo, suas próprias verdades, sem querer transformar-se, quando não se tem auto confiança por medo do outro e medo de arriscar, evitando atitudes reais e de próprio punho para construir algo, mantendo confortadamente a própria vida na esfera do sonho, discursando belissimamente sobre este. Queria realmente saber quem inventou essa historia de sonhos sabe Pessoa? Essa pedestaltia de algo que na maioria dos casos não se alcança e que caso se alcance equivocadamente não eram sonhos como se imaginava liricamente, pois nada é sobre sonhos, mas sim sobre intuição, visões e objetivos. Os sonhos liricamente falando e equivocadamente conceituados, devem existir somente como um impulso mental energético vizinhos do desejo na busca pelo aprimoramento material - que muitos julgam necessários para viver - ainda não alcançados alavancando ações quando na realidade o que concretizam são visões, objetivos. Você já viu alguém sonhar com algo imaterial, como virtudes, por exemplo?? Melhorá- las ou buscá-las dentro de si mesmo? Ou alguém sonhar coletivamente fora do contexto conceitual lírico e cognitivo de sonho? Eu ainda não vi e se existe eu ainda não tomei conhecimento, que se apresentem por favor! Normalmente quem sonha, sonha com algo apenas na sua mente, mas que ainda não existe como um pingo de evidencia na sua vida real e se existe nem que seja interiormente, está muito longe dela. Na mesma mão, este mesmo se julga possuidor da capacidade de alcançar independentemente do modo como isso se dá e normalmente é algo muito grandioso e que alimenta o superego de forma negativa. Ter sonhos não é uma coisa ruim Pessoa, do modo como eu coloco aqui você pode pensar que é algo ruim sonhar e me tirarem para destruidora de teorias, mas falo no que tange ao reconhecimento daquilo que é importante na vida, os valores individuais e coletivos da realidade, harmonia, aprimoramento e evolução. Acho que estendemos e confundimos na busca desesperada por algo satisfatório e belo o conceito de sonho, aquele quando estamos dormindo, para aquilo que na realidade são desejos. Desejos sentimos, é a atração física e química involuntária para aquilo que poderia ser e que queríamos, são mais reais, causam turbulência sensorial, são visões que podemos sentir vibrar, com base nos nossos sentidos, sonhos apenas imaginamos e ficamos loucos conflitando diariamente isso, a nossa imaginação com a nossa realidade que muitas vezes é incompatível. Objetivos e visões são muito mais reais que sonhos e desejos, aqueles sim revolucionam a Humanidade, aqueles sim movem, transformam-se em algo concreto, fazem agir e englobam a coletividade, acontecem sempre visualizando o outro e conseqüentemente fazem nossos reais sonhos e desejos universais se realizarem, nossos objetivos serem alcançados. As grandes mudanças na sociedade se deram pelas mãos de visionários e não de sonhadores, pois também acreditam-se muitos mais em visionários que em sonhadores. Sonhadores apenas admiramos e nos espelhamos pra transcender e sublimar nossos desejos, são estimulantes. Visionários sabem como executar, são originais e tem objetivos, perspectiva fática e sensorial, sabem o caminho e seguem este sem medo, enquanto que sonhadores, muitas vezes sonham o mesmo tópico que outros, não sabem o caminho ou se sabem, percorrem exemplos padronizados ou param em alguma parte do percurso com medo do risco, por medo de arriscar e esse medo do risco é claro, decorre da natureza do sonho, apenas imaginativo. Visionários vêem, sentem, inovam, arriscam e transformam enquanto que sonhadores apenas imaginam. Objetivos e visões são mais universais, com exceção na política e religião e nisso não cabe adentrar por serem invenções do Homem. Por isso eu digo Jane, visões e objetivos são impossíveis de frear por pouca coisa, são acontecimentos que fogem ao controle de regras e costumes, são realmente acontecimentos universais dentro de DNAs Individuais, muitas vezes de determinados DNAs Individuais, apenas daqueles que têm coragem. Eu vejo você um pouco assim Jane, você sonhou demais com aquilo que você via longe do seu Mundo sem ver e sem sentir e atuando de acordo com seus desejos e sonhos, você não apenas entendeu hoje sua realidade e condição como a transformou faticamente sem ilusões, você esta transformando sonhos em objetivos e é ai que eu vejo a importância dessa elucidação dos sonhos na realidade e meço a força e a capacidade de se atingir algo tendo objetivos, não sonhos. Você de repente confundiu tudo, pois uma grande força provocou você, se fossem apenas sonhos como no início, você não teria saído de onde saiu e percorrido toda essa historia que acabaste de me contar, você sentiu e captou a vibração da mudança sem medo do risco, você arriscou. Acho que na verdade muita gente gostaria de ser um pouco como você, eu confesso que eu gostaria, mas também confesso que parte de mim esta ainda abocanhada pelo preconceito do outro. Bom Justine, foi um prazer passar praticamente essas quase duas horas com você, agora acho que tenho que me dirigir ao portão de embarque, meu vôo já esta prestes a partir. Você vem? Ela me pergunta. Não vou nesse vôo com você não Jane, o meu é outro, mais tarde. Como não?? Achei que você iria embarcar no mesmo avião que eu para Paris. Que nada, resolvi mudar toda minha realidade desde agora e mais uma vez, nosso encontro necessário me provocou ao ponto de eu não me agüentar mais como me encontro e me estimulou a passar a executar visões concretas transformando não somente minhas realidades mas como também realidades próximas. Esta realmente na hora de eu concretizar meus sentimentos quanto ao Mundo e as pessoas, sentimentos aperfeiçoados com a percepção provocada pela real sublimação sensorial daquilo que eu realmente vejo, quero “Ser” mais para o Mundo do que “Estar”. Ok então, beijos e bom caminho.

 
 
 

Posts recentes

Ver tudo

Comments


© 2023 by The Book Lover. Proudly created with Wix.com

bottom of page